
DESCOBRI QUE NÃO ANDAVA SOZINHA
’O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra. ’’ (Salmos 34:7)
Antes de começar, quero avisar que mudei os nomes das pessoas que fizeram parte dessa história por questões de privacidade.
Quem nunca assistiu e se imaginou naqueles filmes com jovens norte-americanos que saiam dos seus colégios e iam para alguma praia ou parque para se divertirem e ficarem horas vendo o tempo passar, onde nada de mal lhes aconteceriam, apenas momentos divertidos e saudáveis e sempre tinha alguém do grupinho que levava um violão para completar aquele momento freedom, pois é, se você nunca sonhou com isso, saiba que eu já, e muitas vezes. E foi com toda essa imaginação que cheguei em Salvador no final dos meus 14 anos, vinda de uma cidade pequena, onde tudo era novo, colégio, pessoas, cultura e eu precisava me enturmar, precisa me sentir parte daquele meio, e como toda adolescente, não queria ser a sem graça da turma (descobri depois que esse comportamento era normal de acontecer em nossa sociedade, independente da idade).
Vou começar narrando a história como se fosse um conto da Disney, para ficar mais emocionante (risos). Preparados? Então lá vai...

Jamais irei esquecer cada detalhe desse dia. Era uma tarde de verão, o sol batia em meu rosto refletido pela água da piscina, não estava calor, o tempo era agradável. Ao meu lado estava Lucas, ambos estávamos discutindo sobre a tediosa aula de redação enquanto juntos esperávamos a aula de natação começar, foi quando chegou Laís. Ela é o tipo de garota que tem seu próprio estilo, curtia reggae e hip hop, mas carregava um sorriso meigo e aventureiro que era um convite a aceitar todas as ideias que apresentava, foi quando ela nos convidou para ir na praia que ficava praticamente na frente do colégio, assim que ela fez esse convite, me veio no mesmo instante todo aquele sonho do início do texto que citei, onde finalmente ele iria se tornar realidade. Acredite, antes mesmo de pisar os pés na praia, já me via postando fotos e mais fotos no flogão e no Orkut (não riam, pois essas redes sociais eram sucesso na época), e não pensei duas vezes, afinal, faltava um pouco mais de uma hora para a aula de natação começar e a praia não era tão distante do colégio, era só atravessar a rua e pronto. Meu sonho estava prestes a acontecer! E assim sucedeu, saímos do colégio, chegamos na praia e foi quando surgiu mais outro convite, feito por Laís, é claro. Ela perguntou se queríamos tomar banho, esse último aí eu recusei, pois apesar de ser nova na cidade, sabia que aquela praia não era uma das melhores e perto havia um esgoto e tinha dias que fedia, optei por apenas aproveitar aquele meu momento cinematográfico e tirar muitas fotos com o meu celular pois era um momento ímpar, podia ver o sol bater na água e refletir raios para todos os cantos, um verdadeiro espetáculo da natureza, as ondas pareciam que cantavam naquele dia e o vento que soprava em meu rosto me levou ao auge do meu momento ‘’sou independente porque sai do colégio sem pedir autorização dos meus pais’’ (coitadinha de mim), e foi por esse motivos que preferi não entrar a água, mas Lucas topou entrar, então eu fiquei cuidando das roupas enquanto eles se divertiam dentro da água. De repente saí do meu estado de ‘’surto emocional da idade’’ e voltei a realidade, percebi que haviam três caras em uma barraca que ficava logo ao lado, eles ficavam nos encarando, achei estranho, pois conversavam entre si e ficavam toda hora olhando em nossa direção, foi quando comecei a me afastar. Meus colegas já estavam saindo da água para pegarem suas roupas para poder voltarmos ao colégio, mas os caras que antes estavam parados, começaram a andar na direção onde estavam as roupas e eu comecei a me afastar o suficiente para correr e chamar alguém, como por exemplo, a polícia. Foi então que parei de recuar e tentar entender o que estava acontecendo, o por que daqueles caras estarem parados ao lado de Laís e Lucas. VOCÊS ACREDITAM QUE EU VOLTEI ATÉ ELES POR ACHAR QUE ERA UMA PEGADINHA, E QUE AQUELES CARAS ESTAVAM CONVERSANDO AMIGAVELMENTE COM O LUCAS E LAÍS?! Foi exatamente isso que aconteceu, eu resolvi voltar, foi quando chegando dos meus colegas e dos caras percebi que não era nenhuma pegadinha, o que eles queriam era nos roubar ( essa cena foi bem clichê dos filmes de terror, onde a pessoa sabe que vai ser atacada, mas mesmo assim insiste em ir abrir a porta, -eu realmente fiz esse clichê). Pois é, eram três sujeitos, magros e com baixa estatura, contra três adolescentes que mal sabiam o que era viver. Cheguei até a imaginar uma luta, três contra três, mas deixei para lá. Foi quando, digamos que o líder do trio, levantou voz de assaltou e falou: ‘’Passa tudo!’’ Foi quando caiu a ficha, aquilo ali era um assalto, e eu podia ter fugida ‘’burra, burra, burra’’, Pensei. - ‘’eu nunca fui assaltada! meu Deus, em menos de 6 meses morando aqui e vou ter que passar por isso?’’. Naquele instante todos os meus sonhos com filmes que tinham praias, jovens, fotos e todo tipo de baboseira estava se rasgando, onde naquele momento eu estava vivendo a realidade, onde ia enfrentar de cara a violência brasileira. E nesses milésimos de segundo pensando e tentando refletir sobre tudo que estava acontecendo naquele momento, o mesmo cara que deu voz de assalto, olhou para mim e disse: ‘’passa logo o celular, eu vi você tirando foto!’’. Foi quando minhas pernas travaram porém, tudo dentro de mim estava acelerado, tremendo e eu não sabia como reagir, foi então que pude perceber que não era mais o meu eu consciente, era meu subconsciente e ele no inicio pediu para que o ladrão não levasse meu celular ( a essa altura, os outros dois já haviam pego o celular dos meus colegas, só faltava o meu). Foi quando um outro cara que estava com ele gritou para o que estava conversando comigo tomar logo o meu celular para eles irem embora, assim que houve esse momento, em que o segundo ladrão abriu a boca para falar com o cara que aparentemente estava no comando, senti o mundo parar, onde apenas eu e o primeiro cara podíamos nos mexer, falar e pensar, foi quando ele pegou uma sacola no chão, colocou a mão dentro e disse que estava armado, minha última tentativa foi oferecer o único dinheiro que eu tinha, pedi até misericórdia, disse a ele que se ele me roubasse minha mãe iria brigar comigo. Dá pra acreditar?! Naquele momento eu consegui pensar na bronca que iria levar da minha mãe quando ela descobrisse que haviam roubado meu celular, ao invés de pensar na minha vida, já que ele dizia que estava armado...Meus Deus...eu realmente estava dialogando com um ladrão sobre as consequências que iriam acontecer se ele roubasse o meu celular... porém, ele insistentemente pediu meu celular, foi quando realmente percebi que já não era mais eu, e sim alguém maior e com autoridade que estava ali para me proteger, porque qualquer pessoa na sua boa racionalidade não falaria o que eu disse para aquele cara naquele momento, e quer saber o que ‘eu’’ disse depois dele insistir em pegar meu celular? posso repetir essa frase milhões de vezes, e mesmo que passem setenta anos, irei repeti-la da mesma maneira de tão ousada que ela foi, e eu não aconselho a ninguém ousar a reagir a um assalto, pois apesar de ter feito isso desde o início, não devemos confiar nenhum tipo de reação nesse tipo de situação, foi o gráfico acima mostra que cada vez mais vem aumentando o número de latrocínios no Brasil, mas o que ‘’eu’’ disse foi a seguinte frase: Olha, se você quiser o meu dinheiro, eu te dou, mas o meu celular você não leva! E se você tocar em um fio do meu cabelo, você será um homem morto, meu pai é policial e ele está logo ali, se eu gritar e falar que você me assaltou, você está ferrado!’’ Foram exatamente essas palavras que foram ditas, não sei porque e como, mas elas saíram com muita autoridade. Foi quando o mundo voltou a girar, as pessoas que estavam naquele momento voltaram a respirar, voltei a sentir a brisa do vento, e acredite, não queria mais sentir era nada, apenas ir pra casa. E o cara que dialogou comigo, pegou minha nota de cinco reais (EU SÓ TINHA CINCO REAIS E ELE ACEITOU!!!), e deu o comando para os outros dois irem embora. Foi aí que eu caí na real e desceram as primeiras lágrimas, que insistiram em permanecer até eu entrar na piscina e fazer minha agradável aula de natação. Mas desde que saí daquela praia, retornei ao colégio e cheguei em minha casa, era só agradecendo a Deus por cuidar da minha vida, onde naqueles instantes já não era eu, mas Deus enviando anjos e mais anjos para me protegerem, onde, tive uma experiência de conversar com o inimigo, cara a cara e pela misericórdia, graça e poder, ter a autoridade de ver ele obedecer a uma ordem, onde não podia tocar em um fio de cabelo e por ultimo ver ele bater em retirada, foi uma momento único, mas nessas condições eu jamais vou querer passar de novo, se for para sonhar, que sejam sonhos que me tragam paz, não transtornos e medos. Vivi um grande milagre nesse dia, saí ilesa, para a Glória do Senhor!
